Entendo a terapia como um momento para refletir sobre nossas experiências e pensamentos, tomando contato com nossas angústias, dilemas, alegrias e tristezas, seja expressando por meio da fala, poeticamente ou artisticamente o que sentimos, pensamos e desejamos.
Trata-se de um espaço de liberdade, para falar o que quisermos, sobretudo a respeito de nossos afetos, visando apropriar-se de si. Durante a terapia, falamos de sofrimentos e também de alegrias e interesses, e que mais envolver a vida. É um momento para expressar o que sentimos, de nossa maneira.
Enquanto terapeuta, me coloco a escutar a pessoa e acompanhar suas vivências, buscando compreender seus modos de existir singularmente. Não busco dizer o que a pessoa é, traçar um diagnóstico ou fazer uma avaliação, mas me aproximar de suas vivências.
Penso que cada pessoa é uma, possui interesses e desinteresses, vivendo em seu tempo, com suas maneiras de se relacionar consigo mesma, com os espaços e com os outros. Portanto, me coloco como um acompanhante de suas experiências, atento a seus modos de ser, de modo não diretivo.
Não ocupo o lugar de um pretenso saber sobre a pessoa, mas me coloco no não-saber, partindo do entendimento de que nada sei sobre outra pessoa, antes de tomar contato com esta. Deste modo, me abro para escutar e entender cada pessoa a partir de suas próprias descrições.
A terapia é um espaço para tomar contato com nossas questões e ensaiar outros modos de vida possíveis, mais interessantes, salutares e criativos. A existência não é algo pronto e acabado, mas um movimento, um devir, que se transforma, se configura, se desconfigura e se reconfigura conforme as necessidades e circunstâncias que se apresentam em cada momento.
Penso que a terapia não deve se basear num modelo específico de vida ou de saúde psíquica, mas possibilitar o contato com nossos afetos, dilemas, questões e angústias, com o intuito de fazer algo distinto e criativo deles.
Somos seres inacabados em permanente transformação, por vezes atravessamos situações que dificultam o fluir da vida, que geram sensação de incômodo e irritação. Porém, para cada uma dessas situações existem muitas saídas.
Ao invés de uma análise, faço um mapeamento das relações que estabelecemos com os lugares, com a história, os objetos, pessoas e com nós mesmos, não com intuito de interpretar, mas de compreender como afetamos e somos afetados por estas relações.
Com este procedimento, podemos explorar outras conexões, ampliar possibilidades e percepções, experimentando outros modos de vida. O processo terapêutico costuma se iniciar com um acolhimento dos sentimentos e pensamentos de uma pessoa, seguido de uma tomada de contato com suas experiências, para refletir outras perspectivas sobre si.
Num primeiro momento escuto o que a pessoa tem a dizer, para depois nos aprofundarmos nos temas que mais interessam ou se destacam, visando uma ampliação da percepção sobre si, e a percepção de possibilidades para lidar com seus dilemas e questões.