Para muitos que estudam psicologia, o existencialismo e a fenomenologia aparecem como um profundo alívio, uma espécie de "luz no fim do túnel" em meio as tendências que objetificam e coisificam o ser humano, ou que o reduzem a um mero marionete do aparelho inconsciente.
A fenomenologia existencial oferece uma saída muito interessante para atender uma pessoa em terapia, considera suas singularidades e a existência como um vir-a-ser, reconhecendo a possibilidade de fazer algo distinto de sua existência, traçar novos rumos e experimentar novos caminhos!
Em 2014 eu já estava desistindo da psicologia clínica (concluí a graduação em 2005). Fui fazer um curso de arteterapia para buscar outras perspectivas, foi quando retomei o contato com autores como Sartre e Kierkegaard, resolvi então me aprofundar nesta perspectiva.
Por um bom tempo me entusiasmei com este modo de atuar na psicologia e de encarar o ser humano. Porém, fui percebendo que não era um território que eu pretendia habitar, mas um lugar de passagem, que me permitiu traçar outros caminhos e ampliar possibilidades.
De uns anos para cá tenho retomado a relação originária entre filosofia e psicologia, relendo Nietzsche e me aprofundando em Foucault, sobretudo as perspectivas críticas sobre a psicologia, que questionam e problematizam seus fundamentos e práticas.
Além desses, também tenho estudado sobre antipsiquiatria, somaterapia, esquizoanálise, filosofia clínica, psicologia sócio-histórica, entre outras, inclusive a relação entre arte, sofrimento emocional e potencialização da experiência.
Não que eu tenha esgotado meus estudos em fenô, nem me desinteressado, mas por querer transitar por outras vias. Todos esses novos caminhos me possibilitaram uma revisão sobre minhas perspectivas e atuação, colocando em questão inclusive a própria psicologia enquanto saber institucionalizado.
Enfim, sigo neste processo, não sei onde vou chegar, mas é justamente isso que torna o caminho interessante... Sigo me desfazendo e me refazendo na passagem, e também em minha atuação enquanto terapeuta.
"Liberdade é pouco, o que eu desejo ainda não tem nome."
(Clarice Lispector)