A terapia filosófica é uma disposição terapêutica que se difere das terapias tradicionais centradas no saber, na autoridade e na normalização dos sujeitos. Trata-se de uma prática que reconhece a complexidade da existência em seus múltiplos processos que se entrelaçam. Em vez de utilizar fórmulas prontas ou conduzir a pessoa para um lugar determinado, propõe uma escuta e um cuidado atento às singularidades de cada um.
Nesta terapêutica o espaço é aberto para que a pessoa fale sobre o que sente, pensa e acredita, sem receio de julgamentos, interpretações, diagnósticos ou correções. Sua prática não busca decifrar alguém, mas escutar com profundidade, acolher suas questões, buscando compreender sua experiência, sem se restringir a ela, ampliando para outras perspectivas possíveis, sem tentar compor uma unidade.
O terapeuta não se coloca como detentor de respostas, como se soubesse o que o outro deve fazer, mas como um companheiro de pensamentos e experiências, que lança perguntas, abre caminhos de reflexão, rompendo a hierarquia tradicional entre terapeuta e paciente. Não se coloca como superior, não interpreta a pessoa a partir de categorias psicológicas, nem a reduz sua existência a uma patologia.
Cada pessoa é percebida em sua singularidade existencial, em seus modos peculiares de ser e de viver. A terapêutica se faz no encontro, se configurando de acordo com cada situação e necessidades, se transformando a cada encontro. Não há respostas prévias, nem soluções pré-fabricadas, as saídas não preexistem ao processo, mas se constroem na travessia compartilhada.
O terapeuta filosófico observa, escuta, pergunta, reconhecendo que só pode compreender aquilo que lhe é possível perceber naquele momento. Não tenta encaixar a pessoa em teorias ou categorias prévias, nem limita sua fala ao que é compreensível. Ao contrário, respeita o que a pessoa diz como uma expressão de sua vivência, em seu sentimento legítimo. Por ocupar o lugar do não-saber, se abre à imprevisibilidade da experiência e mantém a humildade de quem nunca conclui.
Essa prática convida a pessoa a se expressar livremente, a elaborar suas próprias ideias e a se apropriar do que sente e pensa. A escuta acontece com atenção e sem pressa. Trata-se de um exercício de presença, escuta e reflexão, onde o cuidado se dá no diálogo, entre o dizer e o ouvir, entre o pensar e o sentir, entre o que permanece e o que se dissolve. Enfim, uma terapêutica viva, que se faz com a pessoa, e não sobre ela.
De modo geral, a terapia é um espaço de liberdade e acolhimento, onde cada pessoa pode entrar em contato com seus próprios afetos, dilemas e questões, sem modelos pré-estabelecidos, experimentando caminhos singulares a partir de cada encontro, escuta e diálogo. Algumas de suas principais características são:
- Escuta e acolhimento da singularidade
- Ausência de hierarquia e saber prévio
- Encontro e reflexão conjunta
- Postura de abertura e não-saber
- Diálogo disponível e reflexivo
- Abordagem singular e personalizada
- Escuta atenta e não-diretiva
- Foco no diálogo e reflexão conjunta
Um espaço de escuta sem julgamentos, diagnósticos ou correções, valorizando a expressão de cada pessoa, reconhecendo a complexidade da existência humana. A terapêutica se faz no encontro, se configurando conforme as necessidades de cada pessoa, sem o uso de fórmulas prontas ou soluções previamente definidas. O terapeuta não se coloca como detentor de respostas ou autoridade sobre o outro, mas como um companheiro de reflexão.
A terapia se faz no diálogo, onde o terapeuta busca se aproximar da experiência da pessoa, oferecendo um espaço seguro para compartilhar angústias, dilemas e afetos numa conversa sem julgamentos, onde os sofrimentos e os dilemas são entendidos como condições da existência, que merecem cuidado e atenção.
O terapeuta se coloca como um companheiro filosófico, oferecendo uma escuta atenta que respeita a singularidade e a legitimidade do que é dito, buscando ampliar perspectivas sem impor interpretações ou estabelecer uma unidade, mas acolhendo a multiplicidade de modos de ser de cada um.