Uma terapia despsicologizante...

Há anos venho ensaiando uma prática terapêutica voltada à singularidade, às diferenças e excentricidades de cada pessoa, rompendo com as tendências hegemônicas da psicologia, que costumam atuar de forma classificatória e diretiva, proclamando uma “verdade” sobre o sujeito e guiando este para modelos considerados “adequados” ou “saudáveis” de vida.

Nesta perspectiva, o atendimento terapêutico acontece conforme as necessidades e dilemas de cada pessoa, sem uma estrutura prévia de como será ou para onde iremos. O terapeuta se coloca numa disposição de escuta atenta e cuidadosa, buscando compreender a situação existencial de cada pessoa de maneira singular, para que juntos possam dialogar e refletir sobre suas experiências.

Esta terapia não busca diferenciar o certo do errado, nem o saudável do doentio, tampouco identificar transtornos ou conduzir a uma vida “ajustada”. Seu intuito é possibilitar que a pessoa entre em contato com suas experiências e afetos, dialogando com o terapeuta sobre suas questões, interesses e dificuldades, e encontrando novos modos de lidar consigo mesma e com os outros.

O terapeuta não exerce poder ou controle sobre a pessoa em atendimento, muito menos se coloca como guia de sua vida. A proposta é aproximar-se da experiência de uma pessoa, de suas peculiaridades e diferenças, buscando pensar e experimentar modos alternativos de viver. O sofrimento emocional não é visto como resultado de causas biológicas ou inconscientes, mas como fruto de complexas relações entre contextos sociais e subjetivos.

Apesar da formação em psicologia e da experiência como psicólogo, optei por abandonar o título para diferenciar minha prática das abordagens tradicionais em psicologia. Atuo para despsicologizar a vida, entendendo que a psicologia não revela um “eu oculto”, mas produz um “eu” artificial. Por isso, não busco dizer o que uma pessoa é, mas tomar contato com suas diferenças, abrindo espaço para experimentar outros modos possíveis de vida.

Considerei diversos nomes para esta terapêutica que não busca identificar ou explicar uma pessoa, mas se aproximar de suas experiências, do modo como cada um experiencia. Entre os nomes: terapia singular, terapia do devir, diálogo terapêutico, terapia da diferença — todos voltados para uma abordagem que não pretende definir quem a pessoa é, mas aproximar-se de seus modos de existir e lidar com a vida.

Trata-se, enfim, de uma terapia filosófica, que segue na contramão das práticas hegemônicas e da psicologia tradicional, oferecendo um contraponto à sociedade de consumo e ao esgotamento do desempenho constante. Acontece por meio do contato com cada pessoa, respeitando o momento e as necessidades que atravessa, tomando contato consigo mesmo, para pensar e experimentar novos modos de ser e se colocar na vida.

Romper com Moralismos

Inspirado em Nietzsche, este ebook é um convite para rir do moralismo, abrir espaços de liberdade e compor a vida como obra de arte. Para libertar-se das culpas herdadas, de julgamentos que diminuem e regras que seguimos sem questionar...